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Turismo vai melhor com saneamento

Ricardo Mendes (*)

 

A temporada de férias é o período de merecido descanso para milhares de brasileiros. Neste final de ano, ela tem um valor ainda maior diante da retomada gradual das atividades presenciais por conta da pandemia de Covid-19. Um dos setores mais afetados pela obrigatoriedade de isolamento social, a indústria do turismo já consegue enxergar a luz no fim do túnel.

 

O Brasil também recebe a vista de mais de 6 milhões de turistas internacionais, segundo dados do Anuário Estatístico de Turismo 2020. Os meses de janeiro e fevereiro foram os mais procurados pelos visitantes, que fazem essa indústria responder por cerca de 8% do PIB (Produto Interno Bruto) e criar 7 milhões de empregos.

 

O turismo poderia ser ainda melhor. A ausência de infraestrutura de abastecimento de água e esgotamento sanitário tem sido um dos gargalos para o crescimento dessa indústria. A universalização do saneamento básico pode ampliar ganhos de renda na ordem de R$ 2,143 bilhões por ano segundo estudos realizados pelo Instituto Trata Brasil. De acordo com a pesquisa, no acumulado entre os anos de 2016 a 2036, o valor presente dos ganhos no turismo pode atingir R$ 42,860 bilhões no país.

 

A falta de saneamento traz ainda os ricos de doenças relacionadas à veiculação hídrica. Segundo dados do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), foram registradas mais de 273 mil internações por essas doenças em 2019. Um turista que for afetado por um problema como esse dificilmente volta e indica a localidade para outro visitante.

 

Portanto, o investimento em saneamento se torna fundamental para o desenvolvimento dessa indústria no país. Além de melhorar a qualidade de vida da população local, abre oportunidades de negócios e geração de trabalho e renda para milhares de brasileiros.

 

O novo marco legal do saneamento é a oportunidade para os municípios avançarem na infraestrutura de abastecimento de água potável e esgotamento sanitário. O turismo brasileiro tem muito a ganhar!

 

(*) Ricardo Lazzari Mendes, é presidente da Apecs (Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente), engenheiro pela Escola de Engenharia de São Carlos da USP e doutor em engenharia hidráulica e sanitária pela Escola Politécnica da USP.