A pandemia de Covid-19 mudou muitos comportamentos e trouxe novos desafios ambientais com o aumento de descarte de lixo urbano. A geração de resíduos sólidos urbanos no país alcançou a marca histórica de 82,5 milhões de toneladas por ano, segundo mostra levantamento da Abrelpe (Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais).
No Brasil, 4% dos resíduos sólidos que poderiam ser reciclados são enviados para esse processo, índice muito abaixo de países de mesma faixa de renda e grau de desenvolvimento econômico, como Chile, Argentina, África do Sul e Turquia, que apresentam média de 16% de reciclagem, segundo dados da International Solid Waste Association (ISWA).
Embora o país tenha grande potencial para aumentar a reciclagem, diversos fatores mantêm esses índices estagnados, a começar pela falta de conscientização e de engajamento do consumidor na separação e descarte seletivo de resíduos. Também é preciso destacar a falta de infraestrutura das prefeituras para permitir que esses materiais retornem para o ciclo produtivo, com potencial de recuperação.
A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) recentemente lançou uma proposta de normalização para apoiar a regulamentação para dos chamados ecoparques, trazendo mais segurança jurídica para o mercado. Segundo o presidente da ABNT, Mário William Esper, a criação desse modelo de negócios é a principal alternativa para viabilização e consolidação da logística reversa dos resíduos pós-consumo e elevar os atuais 3% de material reciclado para 22%, atingindo a meta prevista pelo Planares (Plano Nacional de Resíduos Sólidos).
“Nessas instalações, os resíduos são processados e segregados para obtenção de plásticos recicláveis, além de reaproveitamento energético, composto, biogás, biometano e energia elétrica. Há um imenso potencial no Brasil para reduzir a destinação final inadequada, como já é feito em muitos países europeus”, afirma Esper.
Os materiais recicláveis secos representaram 33,6% do total de 82,5 milhões de toneladas anuais de resíduos sólidos urbanos (RSU) produzidos durante o período da pandemia da covid-19, nos anos de 2020 e 2021.
Embora os materiais recicláveis secos tenham ampliado sua participação no total de resíduos sólidos urbanos (saindo de 31,7% em 2012 para 33,6% na pesquisa de 2021), a fração orgânica permanece predominando como principal componente, com 45,3%, o que representa pouco mais de 37 milhões toneladas/ano.
Com informações: Abrelpe, ABNT e Agência Brasil.