Por Ana Paula Rogers, Sueli Melo e Arthur Gandini da assessoria da ABES
A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES lançou, na sexta-feira, 20 de janeiro, a Câmara Temática de Comunicação no Saneamento. A nova Câmara tem coordenação do engenheiro e ex-presidente nacional da entidade, Dante Ragazzi Pauli. O evento, que lotou o auditório da ABES-SP, na capital paulista, contou com a presença do jornalista Talis Maurício, repórter da Rádio CBN em São Paulo, que participou de uma roda de conversa sobre o papel da imprensa na cobertura do saneamento.
Na oportunidade, também foram divulgados dados do estudo “Situação do Saneamento Básico no Brasil – uma análise com base na PNAD 2015”, realizado pela ABES com base na PNAD 2015 – acerca das condições do saneamento no país (confira o link: http://abes-dn.org.br/?p=7010)
Em sua fala de abertura, Dante Ragazzi ressaltou características importantes da ABES. “A ABES tem o professor, o estudante, o prestador de serviço, o sócio da empresa estadual. Todos estão aqui e isso dá muita motivação”, afirmou ele, que presidiu a entidade por sete anos, sendo quatro no âmbito nacional e três à frente da ABES-SP.
O coordenador da CT Comunicação lembrou, ainda, outro aspecto marcante da associação, que é o fato de esta estar presente em todos os estados brasileiros – mais Distrito Federal. “Temos uma abrangência nacional muito forte”, pontuou antes de destacar outro ponto importante: as diversas Câmaras Temáticas da ABES. “São espaços onde discutimos as questões do saneamento como regulação, resíduos sólidos e prestação de serviços”, elencou.
“O que sempre me incomodou é que parece que nós do setor debatemos e parece que falamos para nós mesmos”, alegou em relação à comunicação no saneamento. “Vemos pouquíssimas matérias sobre saneamento na mídia”, frisou. Ele observou que a crise hídrica, ocorrida em 2014-2015 trouxe à tona um grande desconhecimento sobre o tema, tanto na imprensa como entre os próprios profissionais do setor. “Isso nos leva a uma necessidade de discutir comunicação. A população não sabe o que é saneamento. Acha que a água deveria ser de graça”, ressalta. Para ele, essa falta de conhecimento é resultado de uma falha de comunicação entre o setor e a sociedade.
Dante também abordou a questão dos investimentos. “O nosso setor é pobre, uma vergonha. O Brasil investe 2% de seu PIB em infraestrutura e nem 10% disso vão para o saneamento”, afirmou. E ponderou que é preciso criticar, mas também fazer propostas. “E a essa é outra marca da ABES. Estamos sempre presentes em Brasília, conversando nos Ministérios. Não é fácil, mas temos que encontrar saídas”, concluiu.
Em sua apresentação, o repórter da Rádio CBN, Talis Maurício, falou sobre a pouca cobertura do setor pela grande imprensa. “A população se interessa por pautas mais factuais Pautas de saneamento surgem quando há novos dados e relatórios”. E lembrou que o tema ganhou mais espaço com a crise hídrica. “Começou a se falar mais no saneamento, o tema virou factual, mas a gente acabou fazendo uma cobertura superficial. Fomos em busca de mais informações”, disse sobre a necessidade dos jornalistas se especializaram mais sobre o tema. “Se a gente não mantiver o tema nas redações vai continuar assim.
Também ressaltou que o tão falado “legado” que a crise hídrica deixaria, especialmente no que diz respeito à conscientização da população sobre a importância de economizar água, é esquecido facilmente quando a imprensa deixa de tocar no assunto ou não informa adequadamente.
O evento de inauguração da Câmara teve participação de engenheiros e outros profissionais ligados ao saneamento e meio ambiente, além de jornalistas e outros profissionais de Comunicação e Marketing de empresas, associações e entidades do setor, como AESabesp, parceria da ABES na realização do Congresso ABES Fenasan 2017 – o maior encontro de Saneamento Ambiental das Américas (hiperlink), Abcon/Sindicon, APECS, Trata Brasil, Tratamento de Água e Acquamec, entre outros, que elogiaram a iniciativa.
Para o convidado Talis Maurício, é de extrema importância termos iniciativas deste tipo. “Quando a gente fala em saneamento, está falando da dignidade das pessoas e do desenvolvimento. Não há desenvolvimento sem saneamento. Fazer uma câmara cria um canal do setor com a grande imprensa, que torna o assunto quente e do conhecimento de todos.”
Luiz Roberto Gravina Pladevall, diretor da ABES-SP e presidente da APECS, ressaltou a necessidade de uniformizar o discurso do setor. “A Câmara tem este objetivo muito claro. Infelizmente, o brasileiro só olha para o setor quando há um problema (como na crise hídrica). A ideia da ABES foi não deixar que isso caísse no esquecimento e a Câmara está em excelentes mãos.”
Também diretor da ABES-SP, Helio Padula considera fundamental a ABES se propor a discutir a comunicação. “Quem trabalha com o setor de saneamento percebe que a comunicação é um tema critico – tanto a intersetorial – entre as entidades, como próprio no governo, que precisa de informações da gente para direcionar os seus programas. A comunicação externa também precisa ser bem trabalhada com o público, clientes e prefeituras. A ABES tem um papel muito importante nesse cenário. Sendo uma entidade do terceiro setor, de trabalho voluntário, tem autoridade para se colocar de uma maneira independente e fazer veicular essas informações de forma precisa e desapaixonada.”, Padula
Para Reynaldo Young, ex-presidente da AESabesp, será uma grande oportunidade do setor levar para o dia a dia das redações de jornais, revistas e TV não a informação da engenharia mas a social, aquela que interessa para o grande público. “Não vamos falar em ‘engenherês’, vamos falar na linguagem que a população possa entender e compreender os benefícios que vai ter utilizando adequadamente os sistemas de saneamento básico disponíveis na sua cidade”.
Paulo Ivan Morelli Franceschi, diretor de Comunicação e Marketing da AESabesp e coordenador do Grupo de Trabalho de Comunicação do Congresso ABES Fenasan 2017 ressalta que é importante que a Câmara consiga dialogar com todas as instâncias. “Não só a comunicação e o relacionamento com a imprensa, mas também mantermos contato com os órgãos públicos e que seus representantes possam participar em algum momento.”
A agenda dos próximos encontros da Câmara Temática de Comunicação no Saneamento será divulgada neste site e nas redes sociais da ABES.