O programa Onda Limpa, da Sabesp, tem previsão de alcançar 95% de cobertura de esgoto coletado até 2030. Atualmente na 2ª. etapa, a iniciativa deve chegar a 89% da meta já no próximo ano.
Considerado o maior programa de saneamento ambiental da costa brasileira, o Onda Limpa iniciou a 2ª etapa em 2018 e deve durar até 2025. Nesta fase os investimentos chegam a R$ 1,4 bilhão, somando mais 448 km de redes coletoras e 48 mil ligações adicionais de esgoto e adequação das Estações de Pré-Condicionamento (EPCs) 1 e 2 (subsistemas Canto do Forte e Vila Tupi), em Praia Grande, reformulação do Sistema de Esgotamento Sanitário (SES) atual, além de três Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) novas e melhorias e ampliações em 11 existentes.
Nesta fase um da 2ª etapa do Programa, as obras de ampliação e adequação dos Sistemas de Disposição Oceânica dos Subsistemas 1 e 2 de Praia Grande, as EPCs, vão levar melhoria para os bairros Boqueirão, Guilhermina, Antártica, Sítio do Campo, Jardim Bechara e Japuí (São Vicente), e Ocian, Tupi, Aviação, Quietude e Mirim. As obras do sistema de coleta e afastamento de esgoto que vão beneficiar os bairros Cidade das Crianças e Princesa estão em andamento.
A primeira etapa do Programa Onda Limpa foi realizada de 2007 a 2018 e contou com investimentos de R$ 2,240 bilhões. Desde o início, os índices de tratamento de esgoto nos municípios da Baixada Santista subiram de uma média de 62% para 82%. Ao término do programa, São Paulo será o único estado do país com 100% do esgoto tratado no litoral.
Vale destacar que as ações do Onda Limpa foram pensadas levando em conta os próximos 20 anos. Dessa forma, as instalações que estão em construção são modulares, podendo ser ampliadas se houver necessidade.
Tecnologia
A complexidade da região levou ao desenvolvimento de diferentes projetos. Em algumas cidades a indicação foi construir estações de tratamento de esgoto, quando este passa por um processo maior de desinfecção, possibilitando o lançamento em rios ou córregos sem prejuízo à fauna e flora. Em outras, a melhor opção foi a construção de Estações de Pré-condicionamento, onde o lançamento do efluente ocorre por meio do emissário submarino. Aqui, líquidos e sólidos são separados e a parte líquida passa por uma desinfecção mais rápida antes de ser lançada no oceano, longe da costa, sem danos à vida marinha. Tudo para garantir um processo de tratamento de esgoto 100% automatizado e econômico em termos de energia elétrica.
O Programa Onda Limpa movimentou o litoral paulista, seja pelo alcance das obras, seja pela necessidade de atrapalhar o mínimo possível a rotina das pessoas. Assim, a tecnologia escolhida para a construção do emissário submarino de Praia Grande foi pioneira. A tuneladora Shield, uma espécie de escavadeira robotizada para secções circulares, com propulsão própria capaz de perfurar diversos tipos de solos, permitiu que a parte terrestre da obra, em tubos de concretos, ultrapassasse a zona de arrebentação sem interromper o uso normal da orla. O equipamento cravou os tubos através do subsolo, cruzando a praia e avançou 750 metros mar adentro, controlado eletronicamente. O trabalho foi feito em três meses. De outro modo, teria levado um ano.
A mesma tecnologia foi utilizada em Santos, com o interceptor Rebouças, que precisava ser duplicado. O equipamento cravou e instalou 1,5 km de tubos de 1,5 metro de diâmetro sem interditar a avenida Francisco Glicério.
Para complementar os novos emissários submarinos da Praia Grande, estes foram prolongados em 650 metros de extensão. Já para o de Santos, foi necessária outra megaoperação. As tubulações de polietileno de alta densidade que formam a parte não subterrânea do emissário foram transportadas pelo mar até o local onde seriam interligadas à tubulação de concreto. Lá foram afundadas e acopladas por mergulhadores.
Além das obras mais vultosas, as características do litoral exigem equipamentos adaptados às condições do tratamento de esgoto. Os esgotos coletados que seguem pela tubulação até as estações de tratamento ou pré-condicionamento são direcionados primeiramente para as estações elevatórias de esgotos, que utilizam equipamentos de materiais resistentes à abrasão, diminuindo desgastes e manutenção: aços inoxidáveis e plásticos ultrarresistentes e até pinturas especiais para aguentar o clima praiano.
Fonte: Cobrape.