Luiz Pladevall (*)
Tão linda, tão bela… e agora tão quente. Assim é a cidade de Paris no verão europeu. Temperaturas recordes que provocaram um sufoco danado em milhares de pessoas. Sem dúvidas, o calor que atinge o Hemisfério Norte é resultado direto das mudanças climáticas, que vêm se acelerando nos últimos anos.
O paulistano já sabe muito bem o que isso quer dizer. Entre 2014 e 2016, a crise hídrica que atingiu a Região Metropolitana de São Paulo disparou o alerta sobre o uso racional dos recursos hídricos. Por outro lado, no último verão, as fortes chuvas que atingiram a capital paulista inundaram ruas e avenidas. Até mesmo os EUA se deparou, em setembro de 2018, com as tempestades que atingiram a Carolina do Norte.
As mudanças climáticas cada vez mais estarão presentes no nosso cotidiano. Os efeitos devastadores vão incomodar com mais frequência as populações, principalmente das regiões metropolitanas. As cidades e os moradores não estão preparados para enfrentar situações extremas. No caso das enchentes, nem mesmo dispositivos de prevenção, como os piscinões, são capazes de suportar o volume das águas das chuvas.
A ciência já nos permite antever esses fenômenos extremos com algumas horas de antecedência, mas os estragos são inevitáveis diante do volume de chuvas. Os municípios têm a possibilidade de construir piscinões e parques lineares como forma de reduzir esses impactos. Outra medida é investir pesadamente na destinação correta do lixo, que durante as tempestades entopem os bueiros, aumentando ainda mais os estragos.
Mas precisamos ir além das medidas para diminuir os impactos das mudanças climáticas. Nosso papel é repensar no nosso modelo de uso dos recursos naturais e buscar preservá-los para reduzir os problemas já presentes no nosso dia a dia.
(*) Luiz Pladevall é engenheiro, presidente da Apecs (Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente) e vice-presidente da ABES-SP (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental).