O “Seminário de Resíduos Sólidos: Desafios e Oportunidades” reuniu especialistas do setor e um público de aproximadamente 300 participantes on-line no dia 6 de abril. O evento foi uma realização da Apecs (Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente), da SIMA-SP (Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo) e do Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva).
O seminário também recebeu apoio da ABCE (Associação Brasileira de Consultores de Engenharia), da Câmara Espanhola de Comércio com o Brasil, do Comitê de Integração dos Resíduos Sólidos, bem como do Governo do Estado de São Paulo e da Fundação Agência da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê.
“A Apecs tem grande satisfação de unir profissionais tão representativos do setor”, afirmou o engenheiro Ricardo Lazzari Mendes, presidente da Associação, na abertura do encontro. Ele explicou que o evento buscou reunir os grandes gestores do setor, que são referências para a implantação das políticas públicas que, com o novo marco legal do saneamento, há expectativa de alcançar melhores resultados na área de resíduos sólidos. “É uma iniciativa da Apecs para fomentar a discussão da parte de resíduos sólidos do saneamento”.
Luiz Ricardo Santoro, secretário executivo de Infraestrutura e Meio Ambiente da SIMA-SP, representou o secretário Marcos Penido no evento. O engenheiro destacou a importância da discussão sobre o tema em um nível técnico, com importantes especialistas do setor. “Nós temos que dar resultado e ter projetos diferenciados que pensem em soluções, não as tradicionais, mas diferentes. E só esse time aqui é que vai conseguir essas novas soluções, e vamos evoluir e caminhar na melhoria desse tratamento”.
“Temos a oportunidade de colocar a Política Nacional de Resíduos Sólidos em harmonia com a política estadual na busca pela sustentabilidade no ambiente urbano”, explicou José Valverde Filho, Coordenador da SIMA-CIRS, na abertura da palestra Diretrizes do Estado de São Paulo para a gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos.
O coordenador apontou alguns avanços e demandas estaduais para alcançar os objetivos: “Estamos em busca de projetos mais conectados com referências ao PNRS e a política estadual”. Segundo Valverde, o Estado de São Paulo não abre mão do diálogo com a sociedade e tem hoje um Plano de Resíduos Sólidos atualizado.
Valverde destacou que o Estado já registra 21 protocolos de consórcios municipais e ressaltou que essas iniciativas e a regionalização representam um grande avanço: “É um modelo integrador. O Estado de São Paulo tem articulado isso, que tem permitido olhar novos modelos de concessões, parcerias sustentáveis para cobrança de taxas e tarifas, que garantam a destinação final dos resíduos sólidos”.
A inovação tecnológica é outro importante eixo de atuação da secretaria, que pode oferecer tecnologia de ponta em conformidade ambiental. “Há ainda um ambiente muito favorável para que possamos evoluir no eixo da comunicação”, frisou. Valverde destacou ainda: “O setor de resíduos sólidos, com o advento do marco legal do saneamento, teve um incremento ainda maior do seu potencial”.
Água e Resíduos Sólidos
O plano de gestão integrada de resíduos sólidos da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê foi o tema da palestra de Hélio Suleiman, diretor-presidente da Fundação Agência da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (FABHAT). Estudos da entidade realizados em 2018 apontam que a geração de resíduos sólidos na bacia cresceu 25,9%, entre 2003 e 2016. O levantamento estima que, para 2027, sejam geradas 22,8 mil toneladas/dia de resíduos sólidos, um aumento de 8,6% em relação a 2016. Para 2045, a geração poderá chegar até 23,7 mil ton/dia, um aumento de 3,9% em relação ao projetado para 2027.
“Em suma, o plano de 2018 apontou que a abrangência e frequência da coleta domiciliar é incompatível com a universalização, gerando impactos sobre os recursos hídricos, bem como a vida útil dos aterros sanitários. Caso não haja novos locais de disposição final, em 2030 haveria um déficit significativo de cerca de 15 mil ton/dia”, explicou o diretor-presidente.
A agência pretende elaborar, de forma participativa, o plano que busca a gestão adequada dos resíduos sólidos na bacia sobre seus aspectos ambientais, econômicos e sociais, obedecendo as prioridades e diretrizes da PNRS e atendendo todas as diretrizes legislativas do novo marco do saneamento.
Soluções
Daniel Sindicic, presidente da Lara Central de Tratamentos de Resíduos Sólidos, apresentou a Unidade de Recuperação Energética (URE) que está em construção no município de Mauá: “É uma tecnologia conhecida e está em mais de 1.500 usinas no mundo. É consolidada, moderna e não traz riscos para as regiões de grandes populações”.
O projeto da URE Mauá será uma das cinco maiores do mundo e deve tratar 3 mil ton/dia em uma área de 80.000 m2. “Tudo foi estudado e acompanhado pela Cetesb”, explica o executivo da empresa, que também está construindo uma unidade na Índia. De acordo com a Lara, as concentrações atendem aos padrões mais rigorosos de qualidade do ar do decreto 59.113/2013, baseados nos critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Capital
A Agência Reguladora de Serviços Públicos do Município de São Paulo foi o tema da palestra do diretor-presidente da SP Regula, Ricardo Torres. Segundo ele, a nova estrutura tem conexão direta com o planejamento e alocação dos resíduos sólidos. “A agência tem a função de regular e fiscalizar contratos”.
O município de São Paulo produz 18 mil ton/dia de resíduos sólidos, sendo 66% provenientes dos domicílios. “O município está preocupado na ampliação do aterro sanitário e na busca de novas tecnologias”, afirmou Torres.
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