Sistema produtor São Lourenço: Uma das maiores obras de saneamento do país será inaugurada em 2017
Texto: Assessoria de Imprensa do Sinaenco com assessoria da Apecs
Após passar pela maior crise hídrica das últimas décadas, que atingiu praticamente todo o Estado, a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) deverá receber um reforço considerável em sua capacidade de fornecer água potável a cerca de dois milhões de habitantes dos municípios situados na sua zona oeste. Para isso, os serviços de construção do Sistema Produtor São Lourenço (SPSL), uma das maiores obras de saneamento em curso no país, seguem em ritmo acelerado, com estimativa de conclusão em outubro deste ano.
Uma comitiva composta por cerca de 30 engenheiros e profissionais de empresas associadas ao Sinaenco (Sindicato da Arquitetura e da Engenharia) e à Apecs (Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente) realizou visita técnica às obras do Sistema no último dia 7 de fevereiro. Nessa visita, o coordenador de Planejamento e Controle da Sabesp, Arisnandes Antônio da Silva, fez uma exposição sucinta, porém detalhando os aspectos fundamentais, sobre os principais sistemas produtores de água da Sabesp na RMSP e, principalmente, das características técnicas do Sistema Produtor São Lourenço.
As obras tiveram início em abril de 2014, pela Sociedade de Propósito Específico (SPE) Sistema Produtor São Lourenço S/A, vencedora da licitação da parceria público-privada (PPP) realizada em 2012 e integrada pelas construtoras Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa. O plano financeiro para a execução das obras pela SPE prevê investimentos da ordem de R$ 2,21 bilhões. Já o valor do contrato da Sabesp nesse sistema será de R$ 6,04 bilhões, que serão pagos à SPE, após o início da prestação dos serviços, em 248 parcelas ao longo de 21 anos. O prazo de duração contratual da PPP é de 25 anos, podendo ser estendido por mais dez anos. A financiadora da obra é a Caixa Econômica Federal, por meio de linha específica destinada a obras de saneamento, garantindo assim os recursos necessários, apesar das turbulências político-econômicas atravessadas pelo país, especialmente a partir de 2014, quando eclodiu a operação Lava-Jato.
O sistema, que terá capacidade de produzir 6,4 mil m3/s (6,4 milhões de metros cúbicos por segundo) de água tratada, é composto por uma captação de água bruta, uma estação elevatória de alta carga com quatro bombas de 10.000 CV, 50 km de adutoras de água bruta e 30 km de adutoras de água tratada, com tubulações que variam de 2.100, 1.800, 1.200 e 800 mm de diâmetro; uma estação de tratamento de água com capacidade para 6,4 m³/s e reservatórios com 125.000 m³ de capacidade.
Os projetos de arquitetura e de engenharia, licenças ambientais e de aprovação nas diversas fases do empreendimento ficaram sob a responsabilidade da SPE, que contratou empresas para o desenvolvimento dos projetos em todas as suas etapas. A construção ficou a cargo do Consórcio Construtor São Lourenço, composto pelas construtoras Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa. A Sabesp contratou o consórcio Cobrape-Vizca para atuar como o seu braço técnico-operacional, de forma ampla e pouco usual, devido ao fato de essa obra, por ser uma PPP, também não se enquadrar na contratação clássica de um empreendimento.
Entre os principais desafios dessa obra gigantesca, estava a obtenção de licenças ambientais e regularização fundiária. O projeto conseguiu solucionar as principais questões e atender às exigências dos órgãos públicos responsáveis – antes do início das obras, já havia sido aprovado o EIA/Rima e obtidas as licenças pertinentes.
As obras para executar a captação, na represa de Cachoeira do França, em Ibiúna, exigiram logística acurada, especialmente na passagem por áreas urbanas, para o transporte dos cinco reservatórios hidropneumáticos (RHO), cada um deles com 22 m de altura, 3 m de diâmetro, 120 m3 de capacidade e 73 toneladas de peso. Entre a captação e transporte da água bruta pela adutora, o projeto definiu a construção de duas chaminés de equilíbrio, ambas localizadas no município de Ibiúna, que têm a função de garantir a integridade dos dutos e a manutenção das linhas de pressão. Já a ETA de Vargem Grande tem sistema convencional de tratamento, composto por 12 floculadores, 12 decantadores e 16 filtros, divididos em duas alas, dois reservatórios de água tratada, com 10 mil m3 de capacidade cada, e estações elevatórias. Completam o complexo de tratamento uma chaminé de equilíbrio e três reservatórios de compensação de água bruta, que se destacam por suas dimensões (24 m de altura, 46 m de diâmetro e 25.000 m3 cada).
Nessa ETA, impressiona o cuidado com a arquitetura das edificações, pouco usual em obras do gênero. Já em Cotia, a necessidade de transpor um maciço rochoso exigiu a construção de um túnel de 1.015 m de extensão e seção de cerca de 4 m. Entre as principais obras do sistema, constam ainda os reservatórios de compensação de água tratada Granja Carolina, em Itapevi, e o booster Atalaia, em Cotia. As obras contaram, no pico dos trabalhos, com cerca de 4,5 mil profissionais, entre gestores, gerentes, encarregados, mestres e operários. Atualmente; considerando apenas a ETA, atuam cerca de 600 trabalhadores.
“As empresas associadas da Apecs cumprem um importante papel na construção dessa obra que, sem sombra de dúvida, vai solucionar um importante problema para a região metropolitana de São Paulo”, aponta o presidente da Apecs, Luiz Roberto Gravina Pladevall. Segundo o dirigente, as tecnologias aplicadas nessa obra são resultado de anos de trabalho dessas companhias, que não têm medido esforços para investir em capacitação. Entre elas, estão firmas como Cobrape (Cia Brasileira de Projetos e Empreendimentos), Vizca Engenharia e Consultoria Ltda, Concremat Engenharia e Tecnologia S/A, Arcadis Logos S.A., Hidroconsult Consultoria, Estudos e Projetos S/A e JNS Engenharia, Consultoria e Gerenciamento Ltda.
O Sistema Produtor São Lourenço constava do planejamento de obras do governo do Estado e da Sabesp desde 2007, portanto, bem antes da crise hídrica que atingiu seu ápice em 2014. Quando entrar em operação, será o quarto maior sistema produtor da RMSP, logo atrás do Cantareira (33 m3/s, de 1973), do Alto Tietê (15 m3/s, de 1993) e do Guarapiranga (16 m3/s, de 1928). Ele atenderá sete municípios (Cotia, Vargem Grande Paulista, Itapevi, Jandira, Barueri, Carapicuíba e Santana de Parnaíba). Atualmente, esses municípios recebem água tratada dos sistemas Alto Cotia (1,2 m3/ de capacidade), Baixo Cotia (0,9 m3/s) e parte do Sistema Cantareira.
Esse enorme volume adicional de água tratada por segundo do Sistema São Lourenço permitirá aumentar a segurança hídrica da RMSP, especialmente de sua região extremo oeste, atendendo totalmente às sete cidades, e aliviando a demanda dos sistemas Cantareira e Alto Tietê. E, quando necessário, parte da água do sistema São Lourenço poderá suprir a demanda dos outros sistemas pela transferência de água, possível pela integração de sistemas adjacentes.
Assim, o Sistema Produtor São Lourenço, quando concluído, certamente permitirá à população da região do extremo oeste da Grande São Paulo e, também, da capital paulista, respirar um pouco mais aliviada, mesmo em períodos de estiagem. O investimento é formidável, mas os resultados não devem ficar atrás.